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EM BREVE NOS CINEMAS

O Sombra: 01


Por Jonathan Calazans
07/05/2014
Editora: Mythos

Preço: R$ 39,90
Páginas: 200

Autores: Texto: Garth Ennis * Desenhos: Aaron Campbell

1938, uma época sombria em que o mundo vive as margens da segunda guerra mundial, a maquina de guerra nazista e o império japonês, se preparam para uma violenta onda de conquista e massacre, que esmagará sem piedade, os corações de milhares de inocentes. Mas o sombra conhece o mal que habita no coração do homem, e sabe a forma mais avassaladora de expurgá-lo.

Criado por Walter Brown Gibson em 1930, o Sombra inicialmente era um personagem de programas de rádio, migrando mais tarde para os quadrinhos e cinema, onde acabou por arrebatar milhares de fãs, conhecedores de suas frases marcantes, como:  O sombra nunca falha! As sementes do mal geram frutos amargos! O crime não compensa! O sombra sabe! Com o legado de ter inspirado diversos autores, eis que a Dynamite vem com a proposta de fazer uma reformulação de suas historias, ( assim como o Aranha), com a promessa de agradar aos fãs do novo século, para isso, os dois cascas-grossas responsáveis pelo projeto são, Garth Ennis no roteiro, (cocriador de Preacher e de The Boys) e Aaron Campbell nos desenhos (Besouro Verde: Ano Um).

Porém, infelizmente, promessas algumas vezes não são bem sucedidas...

Iniciando pelas impactantes ilustrações em flash back, onde o exercito nipônico massacra o povo chinês, o leitor é carregado através da narrativa e indignação do protagonista, perante toda a maldade e leviandade humana. Rapidamente o roteiro apresenta o objetivo principal do justiceiro, assassinar dois corruptos militares japoneses, que de alguma forma, estão ligados ao seu negro passado. Para isso, o sombra deve viver disfarçadamente como Lamont Cranston, um frio e distante agente do serviço secreto norte-americano, contando com a ajuda de uma bela "assistente" chamada Lane, que de certa forma, é um interessante contraponto a sua experiência e sangue de réptil para com os inimigos.

A trama vai se desenrolando, sangue, tiroteios, numa mistura onde nazistas, japoneses, americanos e soviéticos, estão todos envolvidos em um intricado esquema, que pode mudar para sempre o rumo da guerra. De Nova York para Xangai, até terras dominadas por piratas, o sombra doutrina sua frágil discípula a aguentar o cheiro da carnificina, fazendo-a entender, o preço da responsabilidade que ambos carregam.

Um ponto interessante, são os diversos acontecimentos históricos mencionados pelos personagens durante a aventura, como:  O estupro de nanquim e a noite dos longos punhais, onde a arte de Aaraon esbanja criatividade, em talentosos enquadramentos de perspectivas e ângulos ousados.

Bem, olhando superficialmente, parece que tudo está claramente definido, personagens, conflito, ambiente da trama... Contudo, infelizmente, a edição não chega nem perto da glória de outrora. Começando pelo personagem sem profundidade que é Cranston, praticamente prezo ao seu fanatismo e sem nenhuma tridimensionalidade. Na aventura, Praticamente todos os obstáculos enfrentados pelo sombra, não oferecem, sequer, o menor desafio, sendo ultrapassados despreocupadamente um após o outro. Outro ponto fraco, é um outro aliado, pertencente ao serviço secreto americano, que só abre a boca para repetir as mesmas frases de ameaça  ao protagonista, sendo ainda por cima, usado sem criatividade pelo roteirista, como uma representação tediosa do patriotismo da terra do tio Sam.

Um elemento que salva, é a boa virada no final da historia, pertencendo o clímax, (ao meu ver), mais aos coadjuvantes do que para o justiceiro, que ironicamente, será responsável pela construção da arma mais mortífera do mundo. Todavia, o que eu pensava que não poderia piorar, aconteceu, uma cena final, em que o sombra faz duras criticas aos costumes culturais japoneses, como o haraquiri, "julgando o ritual como um costume "insano", e "comemorar", a morte de um inimigo em decorrência da bomba de Hiroshima, sem ao menos lamentar, ou comentar sobre a vida dos milhares de inocentes pulverizados, deixou clara, uma forte incoerência nos conceitos éticos do personagem.

Reunindo as edições 1 a 6, O Sombra conta ainda com galerias de capas, feitas pelos aclamados artistas como Alex Ross, Jae Lee, John Cassaday, Ryan Sook, Howard Chaykin, entre outros...

Realmente muito abaixo do esperado!